sábado, outubro 11, 2014

NOVELA DA DOENÇA, Capítulo 5 - Quase um epílogo

«Ela já está boa… trouxe eu trabalho para casa e não consegui fazer nada, ela só queria atenção…»
Isto era o que me dizia o meu homem no último dia do processo de convalescença da Joana… Sem febre, pintas desaparecidas, sonos a serem repostos, a miúda voltou à sua energia habitual, com o acréscimo de necessidade de atenção que advém de um período de doença. O que, em linguagem de pai/mãe, significa: filho recuperado, sossego desaparecido.

E daí que me ocorra: haverá algum pai por esse mundo fora que não sinta isto…? Preocupação, ansiedade, medo quando os vemos com febre – cruzes, caneco, tomara que não seja nada, que passe, que seja uma porcaria de uma virose qualquer, uma porcariazeca, que não se venha a descobrir nada de esquisito, que a gente sabe que a desgraça é coisa que pode bater à porta seja de quem for – e interrogação quando os vemos bem – cruzes, caneco, dormia tanto quando tinha febre e agora não dorme nada, será que não podia dormir mais um niquito, que isto afinal revelou-se uma porcaria de uma virose qualquer?!...

Alguém?! Ou somos os únicos desnaturados a quem isto passa pela cabeça…?!
Rita

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